Clássicos da Perfumaria: Samsara, Guerlain

Clássicos da Perfumaria: Samsara, Guerlain
Nome basilar da perfumaria, há quase 30 anos a Guerlain lançou uma fragrância inspirada em uma das culturas que mais desperta curiosidade entre os ocidentais


O Oriente sempre despertou curiosidade nas sociedades ocidentais. O diferente e o exótico são chamativos desde os tempos da navegação. Sempre com artigos muito luxuosos e especiarias, buscamos conquistar os sete mares para justamente termos acesso a essas terras misteriosas. Tendo isso em mente, em 1989, a Guerlain, um dos principais nomes da perfumaria internacional e com mais de um século de experiência na produção de grandes sucessos, lançou um novo perfume: o Samsara.

Aproveitando a oportunidade aberta pela própria marca em que novos aromas e fragrâncias poderiam ser enviados por perfumistas de fora da empresa, Jean-Paul Guerlain - um dos descendentes de Pierre-François, fundador da marca - enviou, anonimamente, este perfume que viria a se tornar um grande sucesso. O eau de parfum teve como principal motivação um grande interesse amoroso do herdeiro perfumista e tinha como direção duas notas específicas, o jasmim e o sândalo, que eram os aromas favoritos da musa inspiradora. 

A ideia, uma vez levada adiante pela Guerlain, se tornou um oriental amadeirado feminino. Os toques iniciais de pêssego, ylang ylang, bergamota e limão dão uma sensação levemente cítrica. Posteriormente, a união dessas notas com o seu corpo, composto principalmente por jasmim e rosas, e seu fundo, principalmente ilustrado pelo sândalo, baunilha e âmbar, segue o ideal do perfumista em alinhar a sensualidade com o mistério que notas especiadas têm. 



Jean-Paul Guerlain, já afirmou em uma entrevista que "o luxo deve ser discreto e bonito, não deve ser algo brusco", e o Samsara é justamente isso. A sensualidade exótica que seu cheiro exala é exatamente algo que instiga porém sem ser brusco, rude ao olfato. Toda sua identidade olfativa e visual foi construída ao redor do misterioso oriente, estabelecido dentro do imaginário ocidental principalmente em torno da Índia. O jasmim e o sândalo são usados em rituais religiosos tradicionais, caracterizando muito a região em torno desses aromas. 

O começo de sua fragrância é forte, de fato, porém não brusco ou rude. Posteriormente, conforme o tempo começa a agir, suas notas se assentam e seu cheiro memorável começa a aparecer e se desenhar, assim como as curvas de seu frasco, tornando a mulher que está usando-o um avatar do arquétipo sensual da mulher indiana, tão estabelecido no imaginário popular por filmes. Segundo a própria empresa, Samsara seria uma palavra em Sanscrito - língua antiga de origem nepalesa -, significando o ciclo infinito de vida, morte e a eterna viagem da existência. O uso desta palavra como o nome do perfume visou representar todos os altos e baixos que a própria fragrância proporciona, comparáveis aos altos e baixos que a vida nos dá, e que finaliza com tons doces, porém fortes.

Curvas orientais
O frasco, por sua vez, teve inspiração em dançarinas indianas. Os tons vermelhos e as curvas fazem referência à beleza das orientais. O vermelho forte, muito presente na cultura indiana, também tem intensa presença, com detalhes em dourado. A caixa, discreta e de tom mais puxado para o vinho do que o vermelho vivo do frasco, possui alguns pequenos detalhes também em dourado. Toda a identidade visual, assim como as campanhas publicitárias da época de seu lançamento, possui toques diretamente tirados da cultura nepalesa e hindu. 

Um dos primeiros perfumes a ter sua identidade visual e olfativa completamente alinhada com campanhas de marketing temáticas, um marco verdadeiro no mercado internacional. O Samsara é uma viagem através dos sentidos, com um forte entrada olfativa que, com o passar do tempo, caminha pelas narinas e se torna doce, agradável, porém sem perder sua força. O ideal para a mulher que deseja passar sensualidade e ainda manter sua posição de força e austeridade.
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