Michael Rentel e suas impressões sobre o Congresso Mundial de Perfumaria

Michael Rentel e suas impressões sobre o Congresso Mundial de Perfumaria
Atualizado em 02/08, as 15h30.


O World Perfumery Congress (WPC) é o maior encontro da cadeia de abastecimento global de fragrâncias e químicos aromáticos. Realizado a cada dois anos, o evento deste ano aconteceu em junho em Miami, nos Estados Unidos. Habitué do evento, o gerente de Marketing da Citratus, Michael Rentel (no centro da foto) uma das mais importantes casas de fragrâncias brasileiras, compartilha com os leitores do Cosmética News algumas impressões sobre o que viu por lá.

Tendo frequentado as últimas edições do WPC, dá para apontar alguma tendência dos últimos anos refletidas nesta edição?
O que dá para ver claramente é que a exploração de ingredientes bem exclusivos vem aumentando a cada edição do evento. Nesta última a P&G e a IFF apresentaram um estudo sobre uma nova matéria-prima lá da África, a maninka, fruto de um estudo de dez anos e que foi usado em um perfume da marca Hugo Boss. Nos últimos anos, esses ingredientes, frutos de um trabalho específico de pesquisa e exploração sustentável têm sido bem marcantes.

Mas são possibilidades novas do ponto de vista olfativo, ou é algo mais calcado em sustentabilidade e rastreabilidade desses materiais, por exemplo?
Olfativamente eu acho que não. A maninka, por exemplo, ninguém sabe o que cheira, então é extremamente interpretativo. Acho que o processo, a questão da sustentabilidade, o envolvimento com as comunidades para a obtenção dos frutos… Tudo isso gera um storytelling sensacional, que chama muito mais a atenção do que a performance olfativa em si.

E do ponto de vista olfativo, neste momento onde todas as atenções parecem voltadas para o cuidado com a sustentabilidade e a rastreabilidade, vocês cheiraram alguma coisa diferente lá?
Sim. Tem uma empresa de origem armênia  que apresentou uma molécula de Goiaba Rosa, uma fruta bem brasileira e que é bem interessante para várias aplicações como shampoo e hidratante, e tem um cheiro bem característico. Uma coisa que a gente nota como uma tendência global é a perfumaria francesa retomando as notas do Oriente Médio, com mais madeiras e incenso, e o inverso no oriente médio, dentro das características dele abrindo espaço para coisas mais ocidentais. E também muitas notas de madeira em produtos de higiene pessoal, shampoos com fragrâncias de sândalo, cedro, oud…

E tecnicamente, moléculas que melhoram a performance das composições ou novas tecnologias, viram algo nesse sentido?
Vi mais coisas relacionadas a biotecnologia e ao uso da tecnologia para questões de sustentabilidade e rastreabilidade. Uma empresa apresentou um sistema no qual ela consegue precisar de modo o impacto ambiental de cada ingrediente da sua paleta criativa e que permite ao cliente decidir se ele quer uma fragrância mais ou menos verde, no sentido ambiental do termo.

E o que viram lá que estão trazendo para cá?
Naturalmente não podemos abrir muita coisa ainda, mas trouxemos muitas amostras que já estamos testando. É muita coisa e o processo ainda é recente. Mas temos pelo menos umas 15 novas moléculas que achamos bem adequadas para o mercado nacional e que estamos avaliando neste momento.

Baseado no que você viu, como se situa o Brasil no mercado global de fragrâncias?
Acho importante ressaltar que além da Citratus, mais duas casas de fragrâncias brasileiras estavam presentes ao evento. Isso é muito bom porque mostra que o mercado brasileiro caminha para uma maturidade, tentando emparelhar com os mercados mais desenvolvidos. Em termos de tecnologia ainda estamos muito distantes dos mercados desenvolvidos, porque o mercado lá é bem mais evoluindo, mas, do ponto de vista criativo fica claro que estamos emparelhando. Nossa ida a esse evento é justamente para acelerar esse movimento. Uma molécula nova lançada no WPC leva dois anos para chegar no Brasil. Estando lá nós adiantamos esse processo e em até seis meses já colocamos isso no mercado, trazendo em primeira mão as novidades para os nossos clientes.
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